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CARREIRA ENGENHARIA ELÉTRICA

ÁREA PROJETOS ELÉTRICOS

O vácuo de profissionais de engenharia elétrica no mercado de projetos poderá representar grande aumento na demanda por serviços nos próximos anos


Projetos residenciais: "A grande maioria das pessoas que constroem ou reformam residências não se preocupam muito com projeto de elétrica. Eles gostam de pensar em mobília, revestimentos, e outros elementos decorativos. Acabam achando nosso projeto, ou a execução, caros demais."

Por Giovanny Gerolla

É fato que tudo depende da eletricidade para funcionar bem. O celular que é carregado, uma lâmpada que é acesa, as máquinas ou um robô que trabalham na indústria - até mesmo quando também alimentados por outras fontes combustíveis. A energia elétrica sempre terá papel essencial a cumprir.
Sua importância, no entanto, não tem atraído número suficiente de novos profissionais, que preferem antes migrar para outras engenharias, como a mecatrônica ou a eletrônica. E a razão disso pode ser tanto alguma falta de prestígio da área de elétrica entre os jovens - os profissionais neste ramo, hoje, são geralmente mais velhos -, como a má compreensão do aquecimento da demanda pelos serviços que podem ser oferecidos em eletrotécnica.
Empresas que trabalham no projeto e na execução de instalações para novos edifícios não têm do que reclamar. A demanda está alta, a ponto de clientes serem dispensados por falta de braços. Isso porque tais projetistas trabalham ou como autônomos, ou como micro e pequenos empresários. Mas há quem veja problemas até mesmo nesta fatia do mercado. "Não é regra, mas normalmente quem faz projetos para construtoras tem porte para projetar tudo - civil, estruturas, hidráulica, elétrica, ar-condicionado", opina o engenheiro Mario Calixto Figueiredo, sócio da Nievola Engenharia. Para ele, essa concorrência abocanha parte dos projetos de empresas menores e especializadas em eletrotécnica, porque seus preços acabam sendo mais competitivos.
A engenheira eletricista Neide Aparecida Toassa Oliveira da Silva é sócia-diretora do escritório Toazza Sistemas Elétricos e Comunicação, que só trabalha com projetos comerciais. Segundo ela, o panorama atual mudou até a rotina de trabalho da empresa. "As perspectivas de negócios em obras de hotéis e de infraestrutura, em função do desenvolvimento econômico, do turismo e dos jogos que ocorrerão nos próximos anos, nos levaram a incorporar os sábados como dia normal de trabalho", diz. Ela afirma que não tem dado conta de todo o trabalho que aparece.
Quem, no entanto, pegou no batente de projeto ainda na década de 90 teve a oportunidade de ganhar dinheiro com manutenção predial, principalmente em cidades com histórico parecido com o de São Paulo. "A prefeitura era responsável pela fiscalização dos prédios, que precisavam manter suas instalações atualizadas", explica. Nos últimos anos, isso ficou sob responsabilidade dos síndicos, que não reconhecem a importância das instalações elétricas, critica Mario Calixto que, tendo ingressado em projetos eletrotécnicos nessa época de ouro, hoje lamenta o menor volume de trabalho que tem.
"Ainda tenho alguns projetos, que faço em parceria com a AES Eletropaulo, mas se antes as reuniões com novos clientes para redimensionamento de redes em edifícios eram diárias, hoje elas acontecem a cada duas semanas."
Aos ingressantes, o jeito é achar o nicho certo e, para quem quer seguir carreira como projetista autônomo, buscar atualização constante de seu repertório curricular, de acordo não só com as novas tecnologias que surgem - automação, tipos de cabeamentos e sistemas integrados -, mas também com os aquecimentos e desacelerações do próprio mercado da construção e de manutenção predial.
O maior volume de trabalho deste projetista estará em projetos comerciais e residenciais de baixa e média tensão, mas ele também atenderá infraestrutura urbana, telecomunicações, sistemas de ar-condicionado e de automação, hospitalar, hotelaria, filtragem e ventilação, entre outros.
No processo de projeto eletrotécnico, primeiro são levantadas as cargas elétricas, considerando número de elevadores, aparelhos de refrigeração, computadores, tipos de eletrodomésticos, pontos de luz necessários. Depois, dimensionam-se ramais alimentadores, iluminação, número de tomadas, para que se chegue ao projeto executivo de elétrica. "Hoje trabalhamos muito na projeção de redes de cabeamento estruturado (dados) ou sistemas de câmeras e alarmes, automatização, data centers, redes estabilizadas, no breaks", diz Neide. Quem ingressar em grandes obras terá ainda inúmeras reuniões com outros profissionais - arquitetos, engenheiros estruturais, de hidráulica, ar-condicionado - a fim de compatibilizar seus projetos antes do início das execuções.
Tanto quem escolhe trabalhar em obras e instalações, como quem opta por se especializar só na produção do projeto, terá de buscar profissionais experientes para serem seus conselheiros nos primeiros anos da carreira. "A faculdade só dá a base", diz Mario Calixto Figueiredo. "O que se aprende mesmo em elétrica é fazendo, na prática."
É indicado que estudantes do terceiro ou quarto ano de engenharia elétrica procurem estagiar nas áreas de seu maior interesse, mas buscando sempre conhecimentos integrados de orçamento, projeto e obras. Como o projetista é aquele que tem grande responsabilidade e o olhar mais completo sobre sua área de atuação, conhecer todas as etapas do processo de projeto, incluídos orçamento, obras, instalação e manutenção predial, será essencial à qualidade de seu trabalho e, por outro lado, sua sobrevivência no mercado por longo tempo.
O profissional
Marcelo Scandaroli
Neide Aparecida Toassa Oliveira da Silva
Engenheira-eletricista, sócia-diretora da Toazza Sistemas Elétricos e Comunicações
Qual foi sua primeira função como engenheira-eletricista?
Quando me formei em elétrica, no final dos anos de 1980, comecei a trabalhar em orçamentos: era pegar projetos já prontos e levantar todo o material a ser comprado, fazendo cálculo quantitativo de fios, quadros, tubulações, iluminação. Fazíamos à mão. Era preciso varar noites trabalhando.
Por quanto tempo você ficou em orçamentos?
Cinco anos.
E logo já se sentiu pronta para ir para projetos?No antigo Banco Nacional, existia um departamento de engenharia que coordenava todos os projetos em execução da empresa. Apesar de ter ficado quatro anos neste departamento, onde aprendi muita coisa sobre projeto, lá nós não projetávamos, porque este serviço era terceirizado. Depois deste período, eu ficaria ainda por um ano inteiro no Rio de Janeiro trabalhando no acompanhamento de obras, para só então - dez anos depois de formada, praticamente - começar a me dedicar com mais afinco ao projeto.
E com que tipo de projeto vocês têm trabalhado desde então? 
Atendemos principalmente projetos para entrada e distribuição de baixa e média tensões, no uso comercial. Atualmente trabalhamos em parcerias para restauro e construção de hotéis, patrimônios históricos e culturais, como museus ou estações ciência.
O residencial não é atrativo?
A grande maioria das pessoas que constroem ou reformam residências não se preocupam muito com projeto de elétrica. Eles gostam de pensar em mobília, revestimentos, e outros elementos decorativos. Acabam achando nosso projeto, ou a execução, caros demais.

Você teve um longo trajeto de orçamentos, gerenciamento e coordenação de obras e projetos antes de se sentar por definitivo na prancheta - ou no computador - para projetar. Dá para sair da faculdade e só ser projetista?Sim, é possível. Tem muita gente que sai projetista da faculdade de engenharia e só faz isso o tempo todo. Mas é melhor saber de obra, de gerenciamento e de orçamento. Eles fazem parte de um todo que o projetista precisa conhecer, porque eles se incluem no projeto.
Currículo
Atribuições: projetos, orçamentos, instalação, coordenação e gerenciamento de projetos e de obras.
Formação: engenharia elétrica.
Aptidões: além de gostar de estudar sistemas elétricos, é essencial ter, no início da carreira, um profissional mais experiente que oriente os trabalhos. Recomenda-se ter bom relacionamento com concessionárias de energia elétrica, que serão responsáveis pelas aprovações dos projetos.
Oportunidades de trabalho: a maioria dos engenheiros-eletricistas trabalham como autônomos ou são microempresários. Também trabalham em departamentos de engenharia de empresas de setores variados da economia, ou nas próprias concessionárias de energia.
Remuneração: a inicial mínima será de R$ 4 mil ou R$ 5 mil.

fonte: http://www.revistatechne.com.br

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